domingo, 30 de setembro de 2007

PENHA DE HOJE E DE ONTEM



O Movimento Cultural Penha (MCP) recebeu da família, a doação e cessão do acervo do memorialista Penhense Hedemir Linguitte (falecido em 2005).

... Agora é trabalho muito penoso, que exige muita dedicação e que, por isso, tem que ser feito em equipe... (1)

Trata-se de um importante acervo que remonta a História da Penha Antiga, entre outros trabalhos, como crônicas, relatos etc., desenvolvidos por este ilustre autor.

... Eu vim para a Penha 1924. O bairro se assemelhava a uma cidade do interior... havia muitos campos de futebol, lagoas chácaras... a rua da Penha era a mais movimentada... era um tempo tranqüilo, onde as famílias saiam as ruas para conversar. ... (2)

O MCP considera de inestimável importância esse patrimônio, passando a ser o responsável pela Memória, Imagem, Manutenção, Pesquisa e Divulgação destes documentos. Já estamos projetando e logo este personagem “estará” conversando conosco novamente! Assim, somos gratos a família Linguitte por nos ceder e confiar tal trabalho.

Núcleo de Pesquisa e História

MCP – Movimento Cultural Penha

Hedemir em entrevista dada em agosto de 1991 à ATBIAV nº 44 – pág.10.
Frases (1) e (2) foram tiradas, de entrevista dada por Hedemir Linguitte à Gazeta Penhense em novembro/1989.

Contatos:
movimentoculturalpenha@gmail.com

Endereço: Largo do Rosário, 59 – Penha - SP
http://tribufu-mcp.blogspot.com/

domingo, 16 de setembro de 2007







Folclore por Wagner Tadeu

“Vivemos numa sociedade governada por interesses,
de grupos, classe e nações dominantes (...)
em oposição a esta condição, é necessária uma:
‘educação pela prática da liberdade’.”
(Paulo Freire – Pedagogia do Oprimido./Paz e Terra)

O que é folclore?
Em resumo, é toda manifestação popular, que registre as tradições e costumes, de um povo; produzida e “consumida” pela própria população, transmitida de forma oral, sem técnicas sistematizadas ou de caráter científico. Entretanto, tal questão, exige que se recue no tempo e analisar como se desenvolve esse processo de elaboração histórica.
Entre os séc. XIV e XV, inicia-se na Europa, na Itália, um movimento cultural: o Renascimento; constituído pela burguesia, classe social ligada ao comércio de especiarias do Oriente, que visava estritamente o lucro. Num “sentimento” instintivo de preservação dos seus negócios, cria na base do acúmulo de influências e manutenção dos seus interesses, as condições necessárias para perpetuação de sua classe, investindo na transmissão dos seus valores e conhecimentos, aos seus; iniciando assim, um processo de surgimento de instituições - universidades, ordens acadêmicas e de profissionais. Essa produção, sistematizada e técnica, dá origem a uma cultura, dita “erudita” ou de “elite”, num claro distanciamento enquanto classe social.
Por outro lado, sempre houve uma cultura mais próxima do senso comum, essencialmente popular, umbilicalmente ligada ao povo; que não faz uso de técnicas rebuscadas e/ou elaboradas, em sua construção, e nem por isso, perde em qualidade artística ou expressividade; a exemplo da cultura “erudita”, alcança formas significativas de conscientização de valores, apesar de sofrer na passagem de sua herança cultural, já que sobrevive basicamente da transmissão oral, não contextualizada, de geração para geração.
Podemos então dizer que, se convencionou chamar de folclore, a cisão da cultura, dita “erudita”, com a cultura popular; ou seja: até a classe dominante (elite burguesa), estabelecer seu nível cultural e restringir assim, sua visão-de-mundo; a partir daí, o que não se insere nessa categoria de bens e valores, será considerado, manifestação cultural espúria, decorativa ou acessório, de caráter exótico e/ou folclórico, preso a “ditadura do estético” e sem valor artístico.
Obvio que a percepção da população, em relação tal juízo de valor, é inversamente proporcional; porém estes não possuem os instrumentos de persuasão do poder, sobretudo atualmente, com a “indústria cultural” e os meio de “comunicação de massa”, mas esses já são temas para uma outra conversa; até lá.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Intemperismo

Intemperismo


na Zona Lesta os poetas
surgem entre as pedras,
por entre as ervas daninhas
e rios de águas sujas
asfaltos, cimento e poluição
destrói o que existia
e mesmo assim a poesia
nasce no meio das fendas do concreto.

Zé.m

p/ Severino do Ramo

todo dia é essa guerra
todo dia é essa barra
esse verso caído no escuro
esse menino que berra
essa vida vivida na marra

todo dia é esse murro
todo dia é essa porra
esses uns morrendo de fome
e aqueles outros brincando
de Sodoma e gomorra

Akira 11/10/83

Assobios e risadas

Acordo, sons da cidade na madrugada.
Passos rápidos, acelerações e freadas.
À noite esta inquieta abafada
Ouço um assobio seguido de risadas
Vem-me lembrança das estórias contadas
Sobre a luz do lampião assombrado
Do vão entre a parede e o telhado
Ouvia vozes femininas do quarto ao lado
O som passava claro e compassado
Era minha avó, tias e primas com conversa fiada.
Escuta é o lobisomem na noite enluarada
Ouviu o uivo e o latido da cachorrada.
Agora conta a do saci, pedia a voz amedrontada.
Colchão de palha, olhos no teto aos pouco ficando arrepiado.
Ela dramatizava soltava um assobio e dava risada.
Depois nos dizia: vão dormir molecada.
Caminho ate a janela olho à rua e a calçada
Uma sombra pulando passa apressada
Firmo a vista e já não vejo mais nada
Debruço na janela e digo cruz credo, vai te andando.
Olho pro céu e lembro da avó e solto uma risada.

Zé . m