quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Assobios e risadas

Acordo, sons da cidade na madrugada.
Passos rápidos, acelerações e freadas.
À noite esta inquieta abafada
Ouço um assobio seguido de risadas
Vem-me lembrança das estórias contadas
Sobre a luz do lampião assombrado
Do vão entre a parede e o telhado
Ouvia vozes femininas do quarto ao lado
O som passava claro e compassado
Era minha avó, tias e primas com conversa fiada.
Escuta é o lobisomem na noite enluarada
Ouviu o uivo e o latido da cachorrada.
Agora conta a do saci, pedia a voz amedrontada.
Colchão de palha, olhos no teto aos pouco ficando arrepiado.
Ela dramatizava soltava um assobio e dava risada.
Depois nos dizia: vão dormir molecada.
Caminho ate a janela olho à rua e a calçada
Uma sombra pulando passa apressada
Firmo a vista e já não vejo mais nada
Debruço na janela e digo cruz credo, vai te andando.
Olho pro céu e lembro da avó e solto uma risada.

Zé . m

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