quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Nascimento do Cordão da Dona Micaela


Hoje (04/02/2018), através do nosso cordão carnavalesco, fazemos memória de Dona Micaela Vieira, mulher negra, parteira, benzedeira, nome de praça, que trouxe a vida gerações de bebês na virada do século XIX para o XX na região da Penha de França.
                                                                          

Homenagear Micaela é honrar as mulheres que parejam, curam e apoiam;
                                                                                 

Lembrar hoje de Micaela é dizer que parir é um processo natural, fisiológico e que o parto pertence as mulheres, nascer não pode ser transformado em um negócio como vem ocorrendo no Brasil, país com o maior índice de cesáreas do mundo; A cada 10 partos realizados em maternidades particulares no Brasil, 8,5 são cesáreas, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa não ultrapasse os 15%!
Recordar Dona Micaela é valorizar o poder curador da natureza, de suas ervas, é reconectar-se com as nossas forças ancestrais.
Cantar Micaela é falar para as mulheres que elas podem confiar nos seus ciclos, no seu corpo, na sua intuição e nas outras mulheres.
Podemos imaginar Dona Micaela durante um parto : Ela olha nos olhos daquela mulher cheia de dores e diz como naquela canção sobre nascimento : - Sinta o momento está chegando; o Divino está contigo, você está em boas mãos, estou te ajudando, você faz parte da terra…. Dito isso a criança nasceu.
Muitas décadas depois, nasceu também o desejo da Comunidade do Rosário dos Homens e Mulheres pretos e pretas da Penha de França de homenagear, lembrar, recordar, cantar e celebrar essa grande mulher, símbolo de cura, vida e nascimento, valorizando sua história e preservando a sua memória.
                                                                               

Salve Dona Micaela, negra, parteira e benzedeira! 

Texto de Claudia Adão
Fotos: Douglas Campos


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