sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Batalhas do Samba Paulistano

No dia 20 de fevereiro, em plena quaresma, período do calendário cristão que entre outros significados, é um momento de reflexão após a festa da carne, o Angana, Núcleo de Pesquisa em educação patrimonial e territórios negros em São Paulo em parceria com o Centro Cultural da Penha, abre um espaço de reflexão na Biblioteca José Paulo Paes com o lançamento do livro do historiador Bruno Sanches Baronetti “Transformações na Avenida, História das escolas de samba da cidade de São Paulo (1968-1996)”. 

O evento faz parte do projeto "Memórias, Poéticas e Resistências do Carnaval Afro-paulistano" abrangendo a exposição "Batalha de Memórias" e o lançamento do livro. A abertura foi feita pelo atual diretor do equipamento Julio Cesar J. Marcelino, que destacou a importância de receber a atividade e apresentou os participantes, entre eles a historiadora Eloiza Maria Neves Silva, que através de sua pesquisa "A mulher negra no carnaval paulistano (1930-1980): história de vida e imagem" trouxe para discussão um olhar especial sobre o protagonismo da mulher negra no samba paulistano. 

Bruno e Eloiza contribuíram para apresentação de um painel rico sobre o tema, expondo as mudanças do carnaval e do samba também como fruto de um processo dialético e político dos seus sujeitos. Longe de apresentar um discurso nostálgico ou saudosista do carnaval de outrora a discussão caminhou para a necessidade de olhar para essas manifestações numa perspectiva crítica e histórica, reconhecendo que muito do que é destacado, mantido ou invisibilizado tem raiz com as contradições das próprias agremiações e demais grupos carnavalescos em constante relação com o racismo internalizado nas instituições públicas e privadas, sendo essas últimas detentoras do poder econômico, político e midiático. 

Após as exposições houve abertura para a participação do público sob a mediação de Marcelo Vitale Teodoro da Silva e Thais Fernanda Alves Avelar, que destacaram pontos importantes do livro do Bruno e da fala de Eloiza como: a vanguarda do protagonismo das agremiações no que tange as articulações políticas do negro, atravessando inclusive o período da ditadura (1964-1985), e a revisão da ideia de acesso e democracia no carnaval para além dos grupos especiais, onde homens e mulheres cotidianamente lutam pelo seu direito de acessar os espaços de visibilidade, transitando entre a precariedade e a manutenção de suas identidades, mas sempre buscando honrar suas tradições e ancestralidades.

Período da exposição Batalha de Memórias: de terça a domingo das 10h às 22h, até o dia 20/03/2016.
Agendamento de grupos para monitoria: (11) 2306-3369 - Movimento Cultural Penha/ANGANA.












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