domingo, 13 de dezembro de 2015

Uma Jornada de desafios

"Estamos atrasados 70 anos para aquilo que Mário de Andrade já visualizava quanto política pública voltada aos patrimônios culturais", disse Nádia Somekh, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico numa reunião de abertura da 1ª Jornada dos Patrimônios em São Paulo com vários parceiros inscritos para o evento. Nádia destacou a importância simbólica do evento e a oportunidade de dar início a uma ação cultural do Departamento para além dos procedimentos de tombamento.
A Jornada ocorreu nos dias 12 e 13 de dezembro de 2015 com objetivo de celebrar e refletir sobre os patrimônios culturais da cidade, bem como dar visibilidade às dezenas de projetos, coletivos e pessoas que vem desenvolvendo ações educativas, culturais e artísticas relacionadas às nossas heranças culturais por meio de roteiros, palestras, pesquisas, ocupações, na manutenção de construções, divulgação e registros.
Participando da festa do patrimônio o bairro Penha de França recebeu no sábado um roteiro que circulou pelas três principais Igrejas do outeiro histórico, além de pontuar nas ruas, becos e praças vestígios de um bairro diverso, festivo e popular com seus cinemas de rua, blocos de carnaval e quermesses. O roteiro foi desenvolvido pelo coletivo Ururay, que tem como escopo de trabalho o desenvolvimento de ações para dar visibilidade aos patrimônios culturais da região Leste de São Paulo.
No domingo foi a vez do Núcleo de Pesquisa ANGANA desenvolver seu roteiro “Rotas de Fuga para a Liberdade”. O percurso pontuou ruas, monumentos e edificações relacionadas ao movimento abolicionista em São Paulo destacando outras narrativas para o bairro da Liberdade no centro de São Paulo.
Ambos os trabalhos buscaram ler os patrimônios como testemunhos resultantes de conflitos e contradições expressos nos territórios, evitando idealizações e/ou saudosismos, e partindo de muita pesquisa e recursos que pudessem evidenciar também o que foi esquecido ou destruído entendendo o esquecimento como parte da construção de uma hegemonia política.
Longe de celebrar os patrimônios culturais como simples bibelôs da cidade, a Jornada foi mais uma oportunidade do paulistano acessar as construções, ruas, parques, ruínas e memórias como disparadores para novos olhares de nossa contemporaneidade por meio das mais diversas narrativas desenvolvidas pelos profissionais envolvidos.
Cabe também a mais setores do poder público, além do DPH e a Secretaria Municipal de Cultura, junto com os movimentos culturais ampliar e estruturarem politicas públicas voltadas aos patrimônios culturais, firmando sua importância simbólica, econômica e social para a cidade.

Atividade do Grupo Ururay



Atividade Núcleo de pesquisa ANGANA





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