Hoje (04/02/2018), através do nosso
cordão carnavalesco, fazemos memória de Dona Micaela Vieira, mulher negra,
parteira, benzedeira, nome de praça, que trouxe a vida gerações de bebês na
virada do século XIX para o XX na região da Penha de França.
Homenagear
Micaela é honrar as mulheres que parejam, curam e apoiam;
Lembrar hoje
de Micaela é dizer que parir é um processo natural, fisiológico e que o parto
pertence as mulheres, nascer não pode ser transformado em um negócio como vem
ocorrendo no Brasil, país com o maior índice de cesáreas do mundo; A cada 10
partos realizados em maternidades particulares no Brasil, 8,5 são cesáreas,
quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa não ultrapasse
os 15%!
Recordar
Dona Micaela é valorizar o poder curador da natureza, de suas ervas, é
reconectar-se com as nossas forças ancestrais.
Cantar
Micaela é falar para as mulheres que elas podem confiar nos seus ciclos, no seu
corpo, na sua intuição e nas outras mulheres.
Podemos
imaginar Dona Micaela durante um parto : Ela olha nos olhos daquela mulher
cheia de dores e diz como naquela canção sobre nascimento : - Sinta o momento
está chegando; o Divino está contigo, você está em boas mãos, estou te
ajudando, você faz parte da terra…. Dito isso a criança nasceu.
Muitas
décadas depois, nasceu também o desejo da Comunidade do Rosário dos Homens e
Mulheres pretos e pretas da Penha de França de homenagear, lembrar, recordar,
cantar e celebrar essa grande mulher, símbolo de cura, vida e nascimento,
valorizando sua história e preservando a sua memória.
Salve Dona
Micaela, negra, parteira e benzedeira!
Texto de Claudia Adão
Fotos: Douglas Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário