"Tia Micaela Vieira: uma criatura que não tinha o
direito de gozar férias.
Foi,
seguramente, na Penha do passado, uma das figuras mais populares do bairro, a
pessoa que atendia pelo nome de Tia Micaela Vieira. Era esta uma das parteiras
penhenses mais dedicadas e completas de então, a única então existente, que
prestativa, decidida e solerte, atendia a todos os casos de sua especialidade.
Quantas
não foram as crianças penhenses que as mãos exímias de Tia Micaela puseram no
mundo? E Tia Micaela, não olhando, muitas vezes, distâncias a percorrer,
fazia-o exaustivamente, quase sempre sem interesses lucrativos, sem ônibus, sem
taxis, sem mais nada, pois naquela época não se ouvia falar dessas coisas, eis
que tudo era feito a pé, a cavalo, ou então, através da condução, aliás luxuosa
daquele tempo: o carro de bois, que, embora vagaroso, chegava, sem dúvida, ao
seu destino.
Tia
Micaela Vieira, residia, então, junto ao grupo escolar, á Praça 8 de setembro,
em casa feita de taipas, muito humilde, onde hoje se ergue o edifício “Santa
Amália “.
Para
recordar tão dedicada criatura, tão laboriosa pessoa da Penha de outrora, que
embora de cor, tinha, como se diz, a alma branca, aí está, como perpétua
homenagem aquela parteira, a Praça Dna Micaela Vieira, que se situa um bocado
antes do início da Avenida Amador Bueno da Veiga."
Texto
tirado do livro Penha de Ontem e Penha de Hoje. Autor Hedemir Linguitte. Pg.
196 do Vol. II de 1972.
Neste
mesmo livro do Hedemir Linguite, encontramos uma outra passagem onde ele cita a
Dona Micaela Vieira, em entrevista ao maestro Luiz Alfredo Gozzoli (“Gigi”), em
9/11/1968.
Este
entrevistado nasceu sobre o acompanhamento da parteira Dona Micaela em
27/08/1909, ele e seus dois irmãos.
Sendo
assim, podemos intuir que a Dona Micaela nasceu no século XIX, a data exata
para nos ainda e desconhecida.
Outro
dado importante e o de que ela teve um filho conhecido como João da Micaela,
tocava violão e fez parte do conjunto Choro do Melado e que foi um grande
seresteiro.
3 comentários:
O que significa isso?!? "Para recordar tão dedicada criatura, tão laboriosa pessoa da Penha de outrora, que embora de cor, tinha, como se diz, a alma branca"
Absurda a utilização de termos como esse sem crítica social após a citação...
Muito triste ler isso "embora de cor,tinha como se diz a alma branca,isso não é um elogio mas sim uma ofensa.
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