Em 26 de janeiro, domingo, Dona Domingas das Dores
Feliciana, bisneta da parteira Dona Micaela Vieira, junto de sua família, receberam o
Movimento Cultural Penha para uma entrevista de registro das memórias e
histórias de sua família. Falamos sobre as duas gerações de parteiras do bairro da Penha ancestrais de Dona Domingas: a sua bisavó Micaela Vieira e a sua avó Dona Benedita, ambas exerceram a tradição das parteiras entre o final do século XIX e meados do XX, trazendo a luz centenas de crianças inclusive a própria Dona Domingas e sua irmã já falecida Vilma das Dores.
Esse trabalho vem na direção de
fortalecer e construir narrativas sobre a presença da população
negra na Penha de França, importante para compreender a constituição de
memórias do bairro e relacioná-las como parte das manifestações do patrimônio imaterial da Penha.
Alguns aspectos destacados na entrevista apontam características
da prática do partejar pela Dona Benedita, como o acompanhamento de 7 dias após o
nascimento, a organização e disponibilidade para atendimento conciliando com
outras práticas econômicas, da origem familiar de Micaela, da presença da
família junto as festas da Irmandade de São Benedito na Igreja do Rosário dos
Homens Pretos da Penha de França, de Eurotildes, mãe de Dona Domingas, que durante muito tempo trabalhou como lavadeira e depois cozinheira na fábrica de ônibus CAIO, entre outros aspecto dessa família centenária
que ainda hoje mora no bairro.
Essas narrativas servem de inspiração para o Cordão
Carnavalesco Dona Micaela Vieira, ação cultural que o Movimento Cultural Penha
vem produzindo no bairro junto à Comunidade do Rosário dos Homens Pretos da
Penha de França e à Sá Menina Produtora, desde 2018.
O Cordão sairá pelas ruas do bairro durante o pré-carnaval no dia 16 de fevereiro
de 2020, às 14:00, partindo da praça que leva o nome da Dona Micaela Vieira. A atividade é gratuita e celebra os conhecimentos tradicionais do partejar, do uso das ervas medicinais e do benzimento, mas sobretudo, da história e saberes de mulheres negras.
Pesquisa: Júlio Cesar Marcelino, Patrícia Freire e Mauricio Dias
Pesquisa: Júlio Cesar Marcelino, Patrícia Freire e Mauricio Dias
Fotos: Mauricio Dias.
1. Dona Domingas com a foto de sua avó, a parteira Benedita, e seu avô Benedito.
2. Filmagem
3. Família de Dona Domingas
5 comentários:
A família negra existe e resiste. Apenas nesse momento, está tendo mais visibilidade e ocupando seu lugar de direito. Viva Dona Micaela Vieira!
Lindo e nescessário eternizar a participação da mulher Negra na vida do bairro da Penha que eu cresci nas imediações tendo como um bairro de elite , obrigada Dona Micaela parabéns MCP
Oh Micaela, ô venha ver, muitas crianças tão pedindo pra nascer.
Que encontro louvável! Fazendo parte do Cordão da Micaela, sinto orgulho em apresentar com nossa música a história dessa grande figura da Penha e arredores! Parabéns pela entrevista
Gratificante conhecer a história dessas guerreiras pretas
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