domingo, 11 de novembro de 2007
Palestra: Pra quem significa?
Por meio desse espaço se originou a construção da igreja do Rosário dos Homens Pretos, espaço este que veio a se tornar local de interação social com o passar do tempo mantido pela Irmandade do Rosário dos Homens Pretos na Penha até o final dos anos 60.
Durante as três últimas décadas devido aos processos de transformação pelos quais passaram a sociedade brasileira e o bairro a irmandade se extinguiu, e este espaço deixou de ter o valor histórico para as novas gerações, principalmente para os descentes afro brasileiros.
Portanto, todo o mês de junho, já pelo quinto ano consecutivo, a comunidade organizada vem buscando através de atividades culturais e religiosas manter viva a memória da importância desse espaço para se entender o processo de formação da história do nosso povo.
A programação organizada pelo Movimento Cultural Penha nestes últimos cinco anos contribuiu, trazendo projetos com a temática afro-brasileira como o Grupo Batakerê, Grupo Babalotim, Grupo Mão na Luva, Projeto Uh-Batuk-Erê, Folia de Reis de Poá e Projeto Raiz entre outros, onde buscou realizar atividades culturais com objetivo intermediar a reflexão da importância desse espaço para os jovens estudantes das escolas mais próximas da Igreja e das comunidades interessadas.
O evento proposto no mês de dezembro pretende trazer uma palestra (experiências) sobre a participação do MCP na Festa do Rosário a partir do envolvimento das escolas da Penha e entorno, com os projetos de diálogo das tradições afro-brasileiras num espaço simbolicamente de importância histórica da formação da cultura brasileira: o Largo do Rosário. A palestra contará com depoimentos de representantes de grupos participantes, organizadores e de pesquisadores, e serão registrados e organizados em material disponível a todos os grupos e entidades interessados.
Convidados: (a confirmar)
Representantes da Festa: Carlos Casemiro e Selma Casemiro (Rei e Rainha do Congo em 2006) e
José Morelli;
Representantes dos grupos culturais e artísticos: Pedro Peu (Batakerê), Edson Azevedo (Uh-Batuk-Erê), Luzinete (Projeto Raiz), Wagner (Folia de Reis de Poá), Giuliana (Mão na Luva), Solange (Babalotim);
Representantes das Escolas: EE Pe Antão, EE Santos Dumont, EE Nossa Sra da Penha e ETE Aprígio Gonzaga;
Representantes de organizações e pesquisadores: Carlos José, Michael Franklin e Francisco Folco;
Representantes do MCP
Eixos da palestra: espaço público, Educação e Cultura Afro-Brasileira e História da Igreja de Nossa Sra do Rosário dos Homens Pretos.
Data indicativa: 08/12/2007
Horário:
Local: SENAC Penha
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
domingo, 30 de setembro de 2007
PENHA DE HOJE E DE ONTEM
... Agora é trabalho muito penoso, que exige muita dedicação e que, por isso, tem que ser feito em equipe... (1)
Trata-se de um importante acervo que remonta a História da Penha Antiga, entre outros trabalhos, como crônicas, relatos etc., desenvolvidos por este ilustre autor.
... Eu vim para a Penha 1924. O bairro se assemelhava a uma cidade do interior... havia muitos campos de futebol, lagoas chácaras... a rua da Penha era a mais movimentada... era um tempo tranqüilo, onde as famílias saiam as ruas para conversar. ... (2)
O MCP considera de inestimável importância esse patrimônio, passando a ser o responsável pela Memória, Imagem, Manutenção, Pesquisa e Divulgação destes documentos. Já estamos projetando e logo este personagem “estará” conversando conosco novamente! Assim, somos gratos a família Linguitte por nos ceder e confiar tal trabalho.
Hedemir em entrevista dada em agosto de 1991 à ATBIAV nº 44 – pág.10.
Frases (1) e (2) foram tiradas, de entrevista dada por Hedemir Linguitte à Gazeta Penhense em novembro/1989.
Contatos:
movimentoculturalpenha@gmail.com
http://tribufu-mcp.blogspot.com/
domingo, 16 de setembro de 2007
Folclore por Wagner Tadeu
de grupos, classe e nações dominantes (...)
em oposição a esta condição, é necessária uma:
‘educação pela prática da liberdade’.”
(Paulo Freire – Pedagogia do Oprimido./Paz e Terra)
O que é folclore?
Em resumo, é toda manifestação popular, que registre as tradições e costumes, de um povo; produzida e “consumida” pela própria população, transmitida de forma oral, sem técnicas sistematizadas ou de caráter científico. Entretanto, tal questão, exige que se recue no tempo e analisar como se desenvolve esse processo de elaboração histórica.
Entre os séc. XIV e XV, inicia-se na Europa, na Itália, um movimento cultural: o Renascimento; constituído pela burguesia, classe social ligada ao comércio de especiarias do Oriente, que visava estritamente o lucro. Num “sentimento” instintivo de preservação dos seus negócios, cria na base do acúmulo de influências e manutenção dos seus interesses, as condições necessárias para perpetuação de sua classe, investindo na transmissão dos seus valores e conhecimentos, aos seus; iniciando assim, um processo de surgimento de instituições - universidades, ordens acadêmicas e de profissionais. Essa produção, sistematizada e técnica, dá origem a uma cultura, dita “erudita” ou de “elite”, num claro distanciamento enquanto classe social.
Por outro lado, sempre houve uma cultura mais próxima do senso comum, essencialmente popular, umbilicalmente ligada ao povo; que não faz uso de técnicas rebuscadas e/ou elaboradas, em sua construção, e nem por isso, perde em qualidade artística ou expressividade; a exemplo da cultura “erudita”, alcança formas significativas de conscientização de valores, apesar de sofrer na passagem de sua herança cultural, já que sobrevive basicamente da transmissão oral, não contextualizada, de geração para geração.
Podemos então dizer que, se convencionou chamar de folclore, a cisão da cultura, dita “erudita”, com a cultura popular; ou seja: até a classe dominante (elite burguesa), estabelecer seu nível cultural e restringir assim, sua visão-de-mundo; a partir daí, o que não se insere nessa categoria de bens e valores, será considerado, manifestação cultural espúria, decorativa ou acessório, de caráter exótico e/ou folclórico, preso a “ditadura do estético” e sem valor artístico.
Obvio que a percepção da população, em relação tal juízo de valor, é inversamente proporcional; porém estes não possuem os instrumentos de persuasão do poder, sobretudo atualmente, com a “indústria cultural” e os meio de “comunicação de massa”, mas esses já são temas para uma outra conversa; até lá.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Intemperismo
na Zona Lesta os poetas
surgem entre as pedras,
por entre as ervas daninhas
e rios de águas sujas
asfaltos, cimento e poluição
destrói o que existia
e mesmo assim a poesia
nasce no meio das fendas do concreto.
Zé.m
p/ Severino do Ramo
todo dia é essa barra
esse verso caído no escuro
esse menino que berra
essa vida vivida na marra
todo dia é esse murro
todo dia é essa porra
esses uns morrendo de fome
e aqueles outros brincando
de Sodoma e gomorra
Akira 11/10/83
Assobios e risadas
Passos rápidos, acelerações e freadas.
À noite esta inquieta abafada
Ouço um assobio seguido de risadas
Vem-me lembrança das estórias contadas
Sobre a luz do lampião assombrado
Do vão entre a parede e o telhado
Ouvia vozes femininas do quarto ao lado
O som passava claro e compassado
Era minha avó, tias e primas com conversa fiada.
Escuta é o lobisomem na noite enluarada
Ouviu o uivo e o latido da cachorrada.
Agora conta a do saci, pedia a voz amedrontada.
Colchão de palha, olhos no teto aos pouco ficando arrepiado.
Ela dramatizava soltava um assobio e dava risada.
Depois nos dizia: vão dormir molecada.
Caminho ate a janela olho à rua e a calçada
Uma sombra pulando passa apressada
Firmo a vista e já não vejo mais nada
Debruço na janela e digo cruz credo, vai te andando.
Olho pro céu e lembro da avó e solto uma risada.
Zé . m
domingo, 29 de julho de 2007
VI Comemoração da Penha
da Igreja de Nossa Sra do Rosário
Pra ver do alto a fila de jovens, quase todos pretos
Mostrando aos devotos e não devotos da santa dos homens pretos,
pardos e mulatos, e outros quase brancos
Como pretos
Mostram aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
Dialogam com as manifestações do passado
E não importa se olhos do mundo inteiro possam
estar por um momento voltados para o largo,
onde os escravos eram castigados.
E hoje um batuque, um batuque com a pureza
de meninos uniformizados,
de escolas públicas revelam
a grandeza épica de um povo em formação.
Nos atrai, nos deslumbra e estimula.
Não importa nada!
Nem a sombra da política higienista,
que quer varrer do pátio
todo João-ninguém.
Ninguém é cidadão!
Se você for ver a festa da Penha
a não ser que tenha,
outro compromisso
Pense
Reze
Aqui
No dia 15/Junho/2007 das 14h às 17h no Largo do Rosário da Penha (São Paulo) o MCP organizou um momento de vivência dos alunos da Escola Estadual Pe Antão com projetos em cultura Afro-brasileira de diferentes locais: Uh-Batuquerê (EMEF Esmeralda Sales P. Ramos – Tremembé); Grupo Folias de Reis (Maestro Wagner – Poá) e Projeto Raiz (EMEF Me. Mª Imilda do SSmo Sacrto – Itaim Pta). Além de conferir e interagir com as apresentações os alunos puderam ter uma exposição sobre a história da Irmandade e da festa do Rosário de dentro da própria Igreja. No total cerca de 300 pessoas prestigiaram mais uma intervenção pública deste mês de comemorações.
A travessia
quarta-feira, 30 de maio de 2007
O Largo do Rosário
Em 2005 o MCP trouxe a Folía de Poá, para particiapar da Festa de aniversário da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Igreja construída em 1802 pelos escravos e alforriados pertencentes a Irmandade dos homens Pretos.
Neste ano estaremos trazendo de novo a Folía de Poá para animar a festa e dar continuidade ao trabalho de formação para as escolas da região que participam das atividades culturais realizadas por nós.
A programação organizada pelo MCP ocorrerá no dia 15/06 a partir das 14h no próprio Largo do Rosário no centro do Bairro da Penha.
domingo, 27 de maio de 2007
Grupo de risco: a ignorância
Ninalva de Andrade Santos e Mirian Santos Paiva
http://www.aidscongress.net/article.php?id_comunicacao=311
"Livre-se"
Quer nada: serás livre."
"O mesmo amor que tenham por nós,
sexta-feira, 25 de maio de 2007
O mês de junho promete
Como nos outros anos fazemos parte da comissão da festa, festa que a partir desse ano faz parte do calendário de festas da cidade de São Paulo. Dia 15/06 a partir das 14h estaremos realizando nossa atividade apresentando no Largo do Rosário os grupos: Projeto Raiz (EMEF Me. Mª Imilda do SSmo Sacrto – Itaim Pta), Uh-Batukerê da EMEF Esmeralda Sales P. Ramos – Tremembé) e Grupo Folias de Reis (Maestro Wagner – Poá.
Estes grupos se apresentaram para escolas da região, os alunos assistiram os eventos no próprio Largo do Rosário, onde tomaram contato com a história do bairro e da importância desse espaço para a compreensão da participação do negro na formação da cultura brasileira.
Neste mês ainda estaremos lançando alguns produtos (camisetas, bolsas e fanzine) para levantarmos fundo para a entidade além de gerar renda para quem se propuser a vender.